De toda a minha passionalidade explosiva numa madrugada de quarta.
Pessoas densas têm dessas coisas. Ás vezes não conseguem entender se pertencem a esse mundo ou a outro, se amam a mais ou a menos, se choram por tudo ou por nada. Aliás, porque choro tanto? Sim, a pessoa densa sou eu, nunca haverá definição mais perfeita pra mim. Não que denso seja um bom adjetivo, fica a critério subjetivo julgar. Julgar, vulgar, amar. Sou só eu que amo verbos? Essa minha paixão por português e pelo gramaticalmente correto é sana? Porque eu não consigo ter a praticidade que as pessoas têm de viver? A minha densidade me arrasta a passionalizar (creio não existir esse verbo, mas eu quis dizer "tornar passional") cada mínimo acontecimento da minha vida. Já cantava João Gilberto: "sentimental eu sou, eu sou demais". Ora pois eu sempre soube que a bossa nova tinha um pouco a ver comigo. Como também a música de fossa da Maysa, e o rock clássico do Johnny Cash. São passionais, como não seriam? São meus.
Pessoas densas tem ciúmes estranhos. Minha cadeira, minha música preferida (que de preferência só eu conheça, afinal é minha), meu travesseiro, minha cama, minhas caixinhas de origami, meu vestidinho June Carter, meu perfume Miss Elite, minha japonesina de porcelana, minha babuschca que meu tio trouxe pra mim da Alemanha. Meu, meu, meu, tudo meu!
Sabe o que mais me irrita? Que cheguem perto dos meus livros. Odeio. A única pessoa com quem consigo compartilhar meus livros é com meu avô. Deve ser porque nos últimos anos ele foi como um pai pra mim. E nos outros anos tal ausência era apenas uma ausência. Pulemos essa parte.
Meses atrás eu era simples. Hoje eu ainda sou. Não, mentira. Sim, eu sou sim. Bom, acho que no fim não me importa muito. Ser alguém é tão difícil quanto comer aquelas balas ácidas sem fazer careta.
Na verdade, eu sei usar drogas lícitas pra driblar a mim mesma. Já tentaram tomar Coca? Todo mundo acha bonitinho eu ser viciada em Coca-Cola, mas ninguém enxerga que isso é uma dependência extrema como Johnny Cash não viver sem pílulas. Quando a Coca não funciona, eu compro bolsas. De qualquer tipo, grande ou pequena, da Prada ou não, só me importa comprar. Quando isso não afoga toda minha densidade, por fim, eu faço três pedidos, um pra cada gatinho chinês que eu tenho: um pedido bobo pro gatinho azul - geralmente é algo como "tomara que meu cabelo acorde bonito amanhã'" um pedido útil pro gatinho rosa-antigo - peço sempre a mesma coisa: a sabedoria dos antigos povos pagãos da Bretanha (nada mais útil); e por último um pedido urgente e necessário pro gatinho rosa-choque, meu preferido - e eu não quero dividir as agonias urgentes e necessárias da minha alma agora, ponto. Se nada disso me acalmar, ligo pra minha mãe.
Isso me lembra um outro texto que eu escrevi mais ou menos nesse horário numa madrugada de domingo. Só uma pessoa conhece, e se não me engano ele termina assim: "só sei que hoje aprendi a sorrir com sinceridade, e talvez eu nem precise de mais nada.". Que por sua vez me lembra uma música! O mundo é um moinho, do Cartola. "Ainda é cedo amor, mal começaste a conhecer a vida, já anuncias a hora da partida, sem saber mesmo o rumo que irás tomar".
Okay, não sei escrever. Desisto da minha carreira secundária de escritora mal-sucedida. Talvez a minha verdadeira vocação seja carimbar processos mesmo. Amanhã eu vou acordar me odiando por ter escrito essa frase.
Chega, é o bastante. Ninguém vai ler mesmo.
Bate outra vez com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão, por fim
Volto ao jardim, na certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar, para mim
Queixo-me as rosas, mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti
Devias vir para ver os meus olhos tristonhos
E quem sabe sonhava os meus sonhos, por fim.
Eis a minha alma hoje.
Sabe o que mais me irrita? Que cheguem perto dos meus livros. Odeio. A única pessoa com quem consigo compartilhar meus livros é com meu avô. Deve ser porque nos últimos anos ele foi como um pai pra mim. E nos outros anos tal ausência era apenas uma ausência. Pulemos essa parte.
Meses atrás eu era simples. Hoje eu ainda sou. Não, mentira. Sim, eu sou sim. Bom, acho que no fim não me importa muito. Ser alguém é tão difícil quanto comer aquelas balas ácidas sem fazer careta.
Na verdade, eu sei usar drogas lícitas pra driblar a mim mesma. Já tentaram tomar Coca? Todo mundo acha bonitinho eu ser viciada em Coca-Cola, mas ninguém enxerga que isso é uma dependência extrema como Johnny Cash não viver sem pílulas. Quando a Coca não funciona, eu compro bolsas. De qualquer tipo, grande ou pequena, da Prada ou não, só me importa comprar. Quando isso não afoga toda minha densidade, por fim, eu faço três pedidos, um pra cada gatinho chinês que eu tenho: um pedido bobo pro gatinho azul - geralmente é algo como "tomara que meu cabelo acorde bonito amanhã'" um pedido útil pro gatinho rosa-antigo - peço sempre a mesma coisa: a sabedoria dos antigos povos pagãos da Bretanha (nada mais útil); e por último um pedido urgente e necessário pro gatinho rosa-choque, meu preferido - e eu não quero dividir as agonias urgentes e necessárias da minha alma agora, ponto. Se nada disso me acalmar, ligo pra minha mãe.
Isso me lembra um outro texto que eu escrevi mais ou menos nesse horário numa madrugada de domingo. Só uma pessoa conhece, e se não me engano ele termina assim: "só sei que hoje aprendi a sorrir com sinceridade, e talvez eu nem precise de mais nada.". Que por sua vez me lembra uma música! O mundo é um moinho, do Cartola. "Ainda é cedo amor, mal começaste a conhecer a vida, já anuncias a hora da partida, sem saber mesmo o rumo que irás tomar".
Okay, não sei escrever. Desisto da minha carreira secundária de escritora mal-sucedida. Talvez a minha verdadeira vocação seja carimbar processos mesmo. Amanhã eu vou acordar me odiando por ter escrito essa frase.
Chega, é o bastante. Ninguém vai ler mesmo.
Bate outra vez com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão, por fim
Volto ao jardim, na certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar, para mim
Queixo-me as rosas, mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti
Devias vir para ver os meus olhos tristonhos
E quem sabe sonhava os meus sonhos, por fim.
Eis a minha alma hoje.
6 comentários:
Tu é densa mesmo; admiro isso. Vi muito de mim no que vc escreveu agora. Pra maioria das pessoas isso tudo é digno de critica. Eu pelo contrário, admiro que alguem possa ser tão sincero e consciente de si mesmo.
Quanta densidade demográfica numa pessoa só!
Às vezes, eu também sou assim.Sou muito ciumento, mas repr5imo isto, e por isso sofro muito.
È um prazer te ler. Saudações.
Oh god...
Bom, pelo menos não tira minha profissão de escritora, embora no blog dos rebeldes eu não faça textos tão grandes, porque simplesmente ninguém iria ler, como não lêem no meu blog ou nos pdf que me pedem pelo msn. ¬¬'
Sim, você tem vocação para carimbar processos... xD
ficou deprimida porque eu não te dei atenção de madrugada porque tinha mais o que fazer? O.o desculpa, mas tu sabe que eu não vou casar contigo xD
Eu quero a babka xD
Isso não me parece lá uma descrição do que eu chamaria de uma pessoa densa. Diria mais uma pessoa muito apegada e instável.
Denso eu penso mais em quem carrega o mundo nas costas, quem parece ter vivido muito mais que tem de idade. Quem tem um grão fardo.
Se bem que um fardo pode factualmente ser apego e instabilidade. Descrição aceita.
Por outro lado, gostei bastante do poema (o que é atípico). Eu sei que é um sacrilégio dar pitaco na obra alheia (ou eu não sei, mas seria um potencial sacrilégio dessem na minha), mas fato é que me seria muito melhor se terminasse com "E quem sabe sonhava os meus sonhos, por mim"
Olhando para tudo isso nessa época, que reflexão você faz hoje?
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